2 de julho de 2013

[Cantinho Literário] Especial FLIP 2013- Graciliano Ramos



Essa semana como será especial FLIP 2013 por aqui no Cantinho Literário, nada mais justo do que fazermos um especial do autor homenageado da festa, que é o alagoano Graciliano Ramos, que assim como todos que já receberam homenagens na festa, terá seus poemas, livros e histórias de sua vida, espalhada pelas ruas históricas de Paraty, que é uma cidade que respira literatura não só nestas épocas, mas também ao decorrer do ano.

Mas voltando ao Graciliano Ramos, que nasceu em Quebrangulo, interior do Alagoas, no dia 27 de outubro de 1892, primogênito de uma família de classe média do sertão nordestino, ele viveu os primeiros anos em diversas cidades do Nordeste brasileiro, como Buíque (PE), Viçosa e Maceió (AL) e terminou o segundo grau em Maceió e depois seguiu para o Rio de Janeiro, onde passou um tempo trabalhando como jornalista, mesmo não cursando faculdade.

Mas em setembro de 1915, Graciliano regressa ao nordeste, motivado pela morte de seus irmãos Otacília, Leonor e Clodoaldo e do sobrinho Heleno, vitimados pela epidemia de peste bubônica, volta para o Nordeste, fixando-se junto ao pai, que era comerciante em Palmeira dos Índios, Alagoas. Neste mesmo ano casou-se com Maria Augusta de Barros, que morreu em 1920, 
deixando-lhe quatro filhos.

Graciliano Ramos estreou na literatura em 1933 com o romance "Caetés". Nessa época mantinha contato com José Lins do Rego, Raquel de Queiros e Jorge Amado. 

Em 1934 publicou o romance "São Bernardo" e em 1936 publicou "Angustia". Nesse mesmo ano, ainda no cargo de Diretor da Imprensa Oficial e da Instrução Pública do Estado, foi preso sob acusação de participar do movimento de esquerda. Após sofrer humilhações e percorrer vários presídios, foi libertado em janeiro de 1937. 

Essas experiências pessoais e dolorosas de sua vida, foram retratadas no livro "Memórias do Cárcere", publicado após sua morte. O romance "Vidas secas", escrito em 1938 é a sua obra mais importante.

Graciliano Ramos seguiu para o Rio de Janeiro, onde fixou residência e foi trabalhar como Inspetor Federal de Ensino. Em 1945 ingressou no partido comunista brasileiro. Em 1951 foi eleito presidente da Associação Brasileira de Escritores. Em 1952 viajou para os países socialistas do Leste Europeu, experiência descrita na obra "Viagem", publicada em 1954, após sua morte.


Confira abaixo as obras literárias de Graciliano Ramos:

Caetés, romance, 1933
São Bernardo, romance, 1934
Angústia, romance, 1936
Vidas Secas, romance, 1938
A Terra dos Meninos Pelados, literatura juvenil, 1942
História de Alexandre, literatura juvenil, 1944
Dois Dedos, literatura infantil, 1945
Infância, memórias, 1945
Histórias Incompletas, literatura infantil, 1946
Insônia, contos, 1947
Memórias do Cárcere, memórias, 1953
Viagem, memórias, 1954
Linhas Tortas, crônicas, 1962
Viventes das Alagoas, costumes do Nordeste, 1962

Abaixo veja a sinopse da obra mais popular de Graciliano Ramos, que é bastante lida para vestibulares, cursinhos e Ensino Médio de todo o Brasil, que o romance "Vida Secas", que foi escrito entre 1937 e 1938, publicado originalmente em 1938.

VIDAS SECAS é o livro em que Graciliano, visto como antipoético e anti-sonhador por excelência, consegue atingir, com o rigor do texto que tanto prezava, um estado maior de poesia.

"O que impulsiona os personagens é a seca, áspera e cruel, e paradoxalmente a ligação telúrica, afetiva, que expõe naqueles seres em retirada, à procura de meios de sobrevivência e um futuro. Apesar desse sentimento de transbordante solidariedade e compaixão com que a narrativa acompanha a miúda saga do vaqueiro Fabiano e sua gente, o autor contou: "Procurei auscultar a alma do ser rude e quase primitivo que mora na zona mais recuada do sertão... os meus personagens são quase selvagens... pesquisa que os escritores regionalistas não fazem e nem mesmo podem fazer ...porque comumente não são familiares com o ambiente que descrevem...
Fiz o livrinho sem paisagens, sem diálogos. E sem amor. A minha gente, quase muda, vive numa casa velha de fazenda. As pessoas adultas, preocupadas com o estômago, não tem tempo de abraçar-se. Até a cachorra [Baleia] é uma criatura decente, porque na vizinhança não existem galãs caninos". 


Boa semana à todos e até o próximo Cantinho Literário

Nenhum comentário:

Postar um comentário

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...