13 de março de 2013

[TOTAL FLEX] Veja Cultura: Teatro na Bahia

por Estela Marques
Da esquerda para direita: Ciro Sales, Aninha Franco e Lelo Filho
Foto: Produtora Júnior

Nesta quarta-feira (13), ocorreu no auditório da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia (Facom/UFBA) o Veja Cultura, encontro entre produtores culturais que aborda diversas temáticas a cada ano. Promovido pelo Núcleo de Produção Cultural da Produtora Júnior, empresa júnior de Comunicação da UFBA, a edição 2013 recebeu Aninha Franco, autora da peça teatral "Éramos Gays"; Ciro Sales, gestor cultural e ator e Lelo Filho, um dos fundadores da Cia Baiana de Patifaria.Estudantes de Jornalismo e Produção Cultural da Facom ouviram relatos destes profissionais a respeito da dificuldade em sustentar a arte e a cultura como ofícios na Bahia.

Aninha Franco, dramaturga, escritora, diretora e agente cultural, contou aos estudantes um pouco da sua história e criticou também a gestão do Secretário de Cultura Marcio Meirelles, afirmando que o teatro baiano poderia viver um momento diferente hoje, caso os investimentos não tivessem sido reduzidos drasticamente. "Estamos mais uma vez tentando trazer o sucesso de volta pra Bahia. Se tivesse acontecido continuidade no momento em que Marcio entrou, nós estaríamos extremamente fortes. Mas não estamos, infelizmente", analisa a autora após relembrar a ascensão do teatro baiano nos anos 1990. O atual trabalho da escritora é a peça "Éramos Gays", musical baiano com toques de humor e irreverência que conta com equipe local e da Broadway.

O segundo convidado da manhã foi Ciro Sales, formado em Produção Cultural pela Facom. Ciro compartilhou sua experiência enquanto gestor cultural e ator, sendo perceptível sua paixão pelas artes cênicas que, segundo ele, é notada desde a infância: "Eu tinha certeza que queria ser artista. Isso é uma coisa que me acompanha desde criança". Enquanto falava a respeito das suas duas profissões, que de certa forma conversam entre si, o ator afirmou que ambas as formações prioritariamente se formam na prática, com o interesse e desejo em se desafiar o tempo todo com coisas novas, bem como na área de gestão. "São as práticas que te formam. Experiências que deram certo, especialmente as que deram errado, vão te formando em qualquer uma dessas áreas", acredita.

Comemorando os 25 anos da Cia Baiana de Patifaria, grupo de teatro que fundou junto com alguns amigos, Lelo Filho terminou o encontro contando os percalços pelos quais passou e passa até hoje. Uma das principais críticas do ator foi a respeito dos obstáculos e mudanças constantes da gestão cultural no estado, que dificultam o desenvolvimento teatral, como também está em sua lista de insatisfações o baixo número de patrocínios. Para ele, faltam patrocinadores que arquem com as despesas mensais do grupo durante o período do contrato e exemplifica com a realidade da sua companhia que em 25 anos só recebeu seis patrocínios. A peça mais famosa do grupo, que esteve em cartaz em cerca de cinquenta cidades brasileiras, contou com apenas um patrocínio: "A Bofetada só teve um patrocínio em 25 anos de peça, que foi uma operadora de telefonia celular que nos deu R$60mil na época, que durou exatamente dois meses", expõe.

Por conta do baixo investimento governamental e da baixa iniciativa privada, as despesas acabam sendo custeadas com o que é ganho na bilheteria do teatro no período das apresentações. Em meio a essa realidade de mercado, Lelo critica a disponibilidade do público em gastar R$80 numa festa e não querer pagar R$50 pra ir ao teatro, mas explica que esse mesmo público "não paga R$50, na verdade. Ele paga R$25, porque 80% do público paga meia: meia dos estudantes e meia de um monte de gente que aparece com a carteira falsificada". O ator finaliza afirmando que falta o diálogo entre quem está na gestão e quem está fazendo cultura, e aconselha futuros produtores e gestores culturais que falar com os artistas e ouvi-los é fundamental.

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