Meu avô aceitou me dar carona pro interior pedindo apenas uma coisa em troca: ele queria que eu o acordasse durante a viagem, até porque ele foi dirigindo.
Sempre que ele piscava por mais de dois segundos eu falava: - VÔ! - E ele: “Opa!” e voltava a prestar atenção na pista.
Sempre que tinha uma curva eu falava: - VÔ! - E ele: “Opa!” e voltava a prestar atenção na pista.
Sempre que tinha que ultrapassar um carro eu falava: - VÔ! - E ele: “Opa!” e voltava a prestar atenção na pista.
Sempre que tinha pedágio eu falava: - VÔ! - E ele: “Opa!” e voltava a prestar atenção na pista.
Sempre que tinha uma reta eu falava: - VÔ! - E ele: “Opa!” e voltava a prestar atenção na pista.
Sempre que tinha um cachorro no meio da estrada eu falava: - VÔ! - E ele: “Opa!” desviava e voltava a prestar atenção na pista.
Sempre que tinha qualquer coisa eu o avisava, menos quando essa coisa era um motoboy.
Nosso destino fica a 4 horas de Curitiba. Depois de 3 horas e meia praticamente dormindo, meu avô encostou o carro numa lanchonete.
Perguntei: - O senhor vai ao banheiro? – E ele: “não, vou tirar um cochilo.”
Falei: “caralho, faz 3 horas que está dormindo” – Ele: “é, mas dormir não é cochilar. Agora vou cochilar.”
Aí desabafei: O senhor tem noção de que é perigoso viajar assim? Viemos arriscando nossas vidas de lá até aqui! Sabe o quanto é perigoso isso? Sabe quantos acidentes acontecem por causa de gente que dorme ao volante? Não é melhor deixar o carro aqui e chamarmos um táxi? Quer que eu chame um táxi? Quer?
Depois dessas perguntas olhei para meu avô e ele estava encostado no banco, usando óculos escuros, com a boca aberta. “Roooooooonc...roooooonc...”
Ele já estava cochilando. Ou dormindo, não sei.
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Por: Mateus Caniceiro
Nossa, seu avo gosta mesmo de um cochilinho e não mede esforços para fazer a prática! Kkkk
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