11 de julho de 2012

[Fluoxetina dominante] Uma dose de Augusta - A rua nos anos 2000


Sair para a noite paulistana e se sentir totalmente à vontade não é algo tão comum. Sair com o seu grupo de amigos e sofrer algum tipo de discriminação também é fácil acontecer.

Afinal, as pessoas são diferentes, a mentalidade é diferente e nem todos estão preparados para conviver com as diferenças.

Onde tem emo, metaleiro não vai; onde tem roqueiro, o pessoal do samba nem passa perto – e vice versa; onde toca reggae e dub, muitos nem querem conhecer o ambiente; lugar onde tem 'puta rodando a bolsinha e lotado de puteiro', filhinha de papai passa longe.

Bom, isso é o que acontece em qualquer outro canto do planeta. Menos na Rua Augusta, certamente uma das vias mais fervorosas da noite na cidade de São Paulo.

Lá, todos se misturam e se entendem, mesmo que cada um em seu respectivo ambiente e universo particular. Isso depois da virada do milênio. Antes era diferente. Bem diferente.

A rua Augusta começa, oficialmente, na rua Martinho Prado, próximo à Praça Roosevelt – região central da cidade - , e seu término é junto à rua Colômbia, no bairro dos Jardins. A principal via que corta a Augusta é a Avenida Paulista, tida como o coração de São Paulo e um dos polos comerciais e financeiros da grande metrópole.

Na década de 60,70 e 80 a rua Augusta estava em evidência. Era frequentada por muitos jovens, que iam com seus carros e motos estilizados se divertirem na rua do glamour.

Hoje a parte da Augusta que leva da Avenida Paulista sentido Jardins é a considerada como de elite. Também é conhecida como um shopping center a céu aberto. Neste lado da rua existem muitas lojas de grife, galerias, academias, restaurantes e bares sofisticados.

Já na parte que leva da Paulista para a Roosevelt, ou melhor, sentido centrão, é a parte mais popular. Baladas, bares, lanchonetes, bordéis, skatistas descendo a via e jovens se divertindo e bebendo na calçada. Isso é o que faz parte, hoje, do universo do lado 'simples' da Augusta. E isso é bom, segundo a maior parte dos comerciantes e donos de baladas.

A Augusta passou por um período não muito interessante em sua história. Logo após as décadas de ouro – 60, 70 e 80 – e com a chegada do grande número de bordéis na região, ali se tornou um espaço mal visto e discriminado, onde 'só tinha gente do mal, drogados e putanheiros'.

Hoje, fatalmente 'a gente do mal' ainda existe e está por toda parte. E quem disse que isso é ruim? Mas eles, na Augusta, nos dias de hoje, se misturam com outras várias camadas da sociedade, graças também a chegada das baladas segmentadas à região.

Dia a dia a Rua Augusta se torna, cada vez mais, uma das regiões mais diversificadas e dinâmicas da cidade.


Veja também as fotos da Rua Augusta da nossa fotografa Marina Gimenez

[O texto acima é a introdução do livro "Uma dose de Augusta - A rua nos anos 2000", produzido por Arilton Batista como Trabalho de Conclusão do Curso de jornalismo, em 2010, pela Unip - Universidade Paulista]. 

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