30 de julho de 2012

[Especial] Cabine da Pipoca

por Estela Marques
Foto: Divulgação


Imagina se, em pleno século XXI, todos os afrodescendentes fossem obrigados a voltar "ao seu país de origem", como uma medida provisória decretada pelo governo como uma reparação social aos danos causados pela União?

Namíbia, não! trata exatamente dessa questão. O texto de Aldri Anunciação, vencedor do Prêmio Braskem de Teatro, em 2011, na categoria Melhor Texto, conta uma hipotética situação no Brasil daqui a quatro anos, na qual um advogado processa o Estado brasileiro para que este dê uma reparação financeira aos descendentes daqueles de "melanina acentuada", como foi feito com os judeus e japoneses, por exemplo. O Estado, contudo, percebe que a quantia a ser paga é muito elevada e resolve fazer melhor: se os afrodescendentes estão reclamando que vieram para o país à força, que eles voltem para de onde vieram. Desse modo, a reparação social estaria feita.

Nesse contexto, os primos Antônio e André estão impedidos de sair casa para não serem pegos pelo "Ministério da Devolução" e enviados de volta à África, já que não se pode capturar ninguém dentro de casa, senão incorreria no crime de invasão a domicílio. Durante esse tempo em seu apartamento, discussões sobre a situação dos negros no Brasil, o posicionamento do país diante destes de "melanina acentuada", entre outras questões, são desencadeadas ao longo da apresentação.

A peça, dirigida por Lázaro Ramos, tem planos de virar filme. Ao final das apresentações deste final de semana, em Salvador, um formulário foi entregue ao público para que este sugerisse ideias para o roteiro desenvolvido por Aldri Anunciação, Sérgio Machado e João Rodrigo Mattos.

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