27 de fevereiro de 2014

[Cabine da Pipoca] As desventuras de um jovem gay ou “Então, que gosto tem?”

Foto: Divulgação

Quando assisti ao curta-metragem suíço “Cappuccino”, lembrei de minhas paixões platônicas na adolescência. Daquelas que nos tiram umas boas lágrimas e noites de sono. Daquelas que nos tiram um pouco o gosto pela vida. Daquelas que abalam toda nossa estrutura imatura e juvenil. O cinema tem dessas coisas: brinca com nosso imaginário e nos faz remexer nos baús da memória.

Dirigido por Tamer Ruggli, o curta de 2010 não conta com um enredo mirabolante e complexo. Muito pelo contrário: é simples, mas profundo. E, talvez por isso, tenha uma aura tão singela. Por isso é tão gostoso de assistir. “Cappuccino” conta a história do adolescente Jeremie (Benjamin Décosterd). De um lado, apresenta sua relação distante com a mãe Gina (Manuela Biedermann). De outro, sua paixão arrebatadora por seu colega de classe, Damien (Anton Ciurlia) que, a princípio, não demonstra ter desejo por pessoas do mesmo sexo.

Digo que todo gay já sofreu por amar um heterossexual. É como o porre: todo mundo já teve um na vida. Com nós, gays, é a mesma coisa: depois das dores da primeira paixão – não correspondida – por um heterossexual, aprendemos e procuramos não cometer os mesmos erros. Há outras pessoas, no entanto, que continuam sofrendo com esses amores impossíveis. No caso de Jeremie, há alguma sorte por algo se concretizar, mas nada que faça o curta-metragem terminar com uma bela e promissora história de amor.


Foto: Divulgação

No entanto, “Cappuccino” não aborda somente uma paixão que não deu certo. Aborda as descobertas do próprio corpo e de novas sensações. De relações familiares que nem sempre são as melhores. De expectativas que criamos e que, muitas vezes, não são correspondidas. Desde a mãe fumante mais preocupada com sua vida pessoal do que com os dramas do próprio filho até a vontade se destacar entre os colegas da mesma idade (Jeremie usa um penteado em forma de chifrinhos), “Cappuccino” é mais profundo do que parece ser.

E para quem não vê relação alguma nisso tudo com o título do curta-metragem, sugiro ao leitor assisti-lo para tirar suas próprias conclusões. Com duração de apenas de 15 minutos, ele está disponível na íntegra e legendado para ser visto no YouTube. Confira:



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